quarta-feira, 17 de junho de 2009

Alcoolismo(texto meu para jornal experimental na Unisinos)

Álcool segue “vitimando” nossos heróis.
Hoje em dia, vemos com menos freqüência, graças a Deus, a grande desgraça que já presenciamos há algumas décadas, o alcoolismo entre vários talentos do nosso cenário musical.
Ídolos como Raul Seixas, Elis Regina e Maysa morreram por causas diretamente ligadas ao abuso com bebidas. Outros como Cazuza e Renato Russo causaram brigas nas suas bandas, por entrarem bêbados em estúdio ou em shows.
Tudo isso para, talvez de forma inconsciente, copiar os heróis do rock inglês, também muito bêbado na época. Lá, no velho continente, também ocorreram várias mortes pelo mesmo motivo entre os músicos, e isso nos lembra a clássica frase do recém citado Cazuza: “Meus heróis morreram de overdose”.
Além disso, esse é o primeiro passo para outros vícios mais perigosos, pois abre a porta para o jovem começar a fumar cigarro que, por sua vez, causa a curiosidade necessária para o uso de outras drogas ilícitas. É assim que muitos caem no mundo do tráfico e do crime, de onde não conseguem sair sem pagar um preço, que pode ser até suas próprias vidas. Será que isso vai do ídolo para o fã? Por que quem vê um super artista bebendo no palco pode também sentir-se no direito de “encher a cara”.
Mas, atualmente, parece que os nossos ídolos aprenderam. Eles vêm preferindo trocar o álcool pela aguinha sem gás, bem mais saudável. Estamos vivendo em uma época mais responsável, claro que com algumas poucas exceções, como a inglesa Amy Winehouse, que está sempre embriagada e criando confusões, e o roqueiro gaúcho Flavio Basso, mais conhecido como Júpiter Maçã, que infelizmente ainda costuma entrar no palco bêbado.
A cantora já esteve internada várias vezes, mas parece que não tem jeito, o vício e a predisposição de ser alguém fora da realidade e dos paradigmas do mundo são mais fortes que a vontade de levar uma vida social óbvia, onde somente pessoas normais sobrevivem.
Fique com a letra da música Movido a Álcool, escrita por Raul Seixas e Cláudio Roberto, gravada por Raulzito no disco Por Quem os Sinos Dobram, de 1979, e tire sua própria conclusão. Existe ou não apologia ao álcool?

MOVIDO Á ALCOOL

Diga seu 'dotô' as novidades.
Já faz tempo que eu espero
Uma chamada do senhor.
Eu gastei o pouco que eu tinha
Mas plantei aquela cana
Que o senhor me encomendou.
Estou confuso e quero ouvir sua palavra
Sobre tanta coisa estranha acontecendo sem parar
Por que o posto anda comprando tanta cana
Se o estoque do boteco já está pra terminar?
Derramar cachaça em automóvel
É a coisa mais sem graça
De que eu já ouvi falar
Por que cortar assim nossa alegria
Já sabendo que o álcool também vai ter que acabar?
Veja um poeta inspirado em Coca-Cola,
Que poesia mais estranha ele iria expressar?
É triste ver que tudo isso é real
Porque assim como os poetas
Todos temos que sonhar.