domingo, 9 de agosto de 2009

Quem sou eu?

Pegando as opiniões dos meus pais, dos meus ídolos e de todas as pessoas com as quais eu convivi ou convivo, juntando com as experiências que eu passei, com minhas leituras e com as músicas que ouço, chego à resposta para essa pergunta. Porque esse papinho de que “eu tenho personalidade” não existe. Personalidade é uma soma de fatores, e nós, idiotas, achamos que somos únicos e que ninguém nunca foi como a gente.
Há dois séculos nasceu um carinha, que naquele momento era exatamente como eu, mas por nascer ao lado de um pai que adorava comer peixe cru, essa foi sua comida preferida por toda a vida. Mas eu jamais comeria peixe cru.
Hoje me considero um roqueiro de verdade, porque lá no ano de 2003, li uma lista com as maiores bandas da história do rock, e aquilo causou uma curiosidade incrível em mim. Pesquisei, ouvi, e percebi que aquelas bandas eram realmente maravilhosas. Mas será que se eu ouvisse aquelas mesmas músicas, um ano antes, elas iriam me agradar como me agradaram?
E se eu tivesse nascido em Londres em 1950, ao lado de uma casa de shows onde Beatles, Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin, Jethro Tull e Queen tocassem? Certamente se eu lesse uma lista com os maiores nomes do blues, iria querer ouvir só Robert Johnson, Muddy Waters e Ledbelly, e acharia todas aquelas bandas que tocavam ao lado da minha casa um saco. E as chamaria com desprezo de ‘as bandinhas da moda’.
Devemos admitir que essa é a realidade. Não existe nada errado, nem nada certo, nem música ruim, nem boa. Opinião própria é lenda, nem mesmo Adão e Eva a tinham. E é de lá que vem essa metamorfose louca.
Tudo isso para explicar que NADA é por acaso, e que se algo acontecer na sua vida, leve a sério. Não despreze nenhum de seus preciosos dias.

Vá pensando

As pessoas, nos dias de hoje, preocupam-se muito mais com o que vão comer no almoço do que com a opinião e com o bem estar de suas ditas pessoas amadas.
O que vale mais? Um prato de batatas fritas ou um abraço? Um novo emprego ou uma noite em paz? O tal futuro que daqui a um minuto será presente ou o presente que amanhã será passado? A felicidade mostrada nos reclames do plimplim ou uma conversa franca com seu pai, sua mãe, sua avó? Aliás, faz quanto tempo que você não pára (socorro maldita reforma ortográfica) para conversar sobre a vida com alguém que realmente faz parte da sua história? O que vale o homem? É um puta varão ou um ‘João Ninguém’. (tenho que citar meus ídolos, hehehehe. Dá-lhe Marceleza).
Porque que em 96 eu tinha que me preocupar com 97, e em 97 tinha que me preocupar com 98, em 98 tinha que me preocupar com 99, em 99 tinha que me preocupar com 2000(além da preocupação com a profecia de Nostradamus, é claro.), em 2000 tinha que me preocupar com 2001, em 2001 tinha que me preocupar com 2002, em 2002 tinha que me preocupar com 2003, em 2003 tinha que me preocupar com 2004, em 2004 tinha que me preocupar com 2005, em 2005 tinha que me preocupar com 2006, em 2006 tinha que me preocupar com 2007, em 2007 tinha que me preocupar com 2008 e em 2008 tinha que me preocupar com 2009? Essa deve ser mais uma dessas perguntas sem resposta.
Vou morrer no ano com o qual perdi todo o ano anterior preocupado. Vai ter alguém para levar o caixão. E por favor, meus setenta e oito CDs (uuhhhuu, já são quase oitenta) devem ser entregues com muito carinho nas mãos de setenta e oito pessoas que tenham entre treze e dezesseis anos e muita, mas muita vontade de mudar o mundo. Pena que não vão conseguir.

E um dia eles vão perceber o que o Belchior já havia percebido há muito tempo:
“Que nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”