terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Helder, o homem adorado por todos


Helder da Silva Moura, paulistano, 24 anos, é sub-gerente da Livraria Saraiva do Barra Shopping Sul, em Porto Alegre. Antes de ser promovido, há um ano, brincava e conversava com todos e era o primeiro a fazer amizade com os colegas novos. Agora segue sendo querido, apesar da obrigação de ser enérgico na coordenação dos trinta e três funcionários.
Ele é o homem de confiança da gerente e conta com a simpatia da supervisora. Nem mesmo Nei, lateral campeão da Libertadores pelo Internacional, resistiu ao carisma dele.
Desde o dia em que o jogador recebeu o primeiro atendimento de Helder, os dois tornaram-se grandes amigos e, pouco tempo depois, confidentes.
Muitos já ouviram as sábias dicas amorosas do chefe e frequentemente o elogiam nas redes sociais. “O Helder é o melhor conselheiro”, disse a funcionária Kamila Carvalho, certa vez, em um site de relacionamentos. Ao escolher a pessoa mais confiável dentre todos seus contatos, Kamila Moura também optou pelo paulista.
Leva nos braços a tatuagem dos autógrafos do guitarrista Dean DeLeo e do baixista Robert DeLeo, integrantes da banda Stone Temple Pilots, que é sua favorita. Corintiano fanático, está extremamente contente com os resultados de 2012; seu time campeão da América e o rival, Palmeiras, rebaixado à segunda divisão.

Agradando sem esforço

Helder jamais perde a oportunidade de fazer piada com alguém, está sempre atento para ser o primeiro a vaiar os erros de português, as gagueiras e os escorregões, mesmo sabendo que isso pode ofender. Ontem, Pedro Gomes falhou na pronúncia do nome de um filme e foi corrigido sem piedade. Minutos depois, os dois riam da situação.
Não há reclamações do chefe, apesar de sua “chatice”, somente uma grande vontade de auxiliá-lo, para que siga no cargo. O talento de liderar de forma natural, a despreocupação em agradar e a permanente ironia são os motivos que o tornam tão especial. Ele reage de forma humilde e tranquila aos elogios, sem deixar de ser o piadista, crítico implacável e grande parceiro de sempre. Todos adoram.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Eu sinto

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Eu vivo em constante exercício de auto-conhecimento. Para isso, preciso refletir muito, conhecer muitas coisas, ter experiências novas para saber como vou reagir diante delas e ficar sozinho por bastante tempo. Eu sinto quando as pessoas que eu gosto estão tristes, sem que elas falem. Certa vez, um grande amigo meu voltou calado da sala de aula e eu identifiquei o abalo dele antes mesmo que eu soubesse do problema que ele enfrentara na aula.
Prefiro estar por baixo a estar por cima. Sinto-me mais feliz e mais humano quando sou o único a não saber algo do que quando sou o único a saber. A sensação do “não sei” é fantástica, pois ela abre portas e nos possibilita ir adiante para que possamos evoluir. Quem sabe tudo já pode morrer, visto que não precisa conhecer mais nada, ou seja, não necessita mais viver. Eu sempre observo a grande batalha que as pessoas travam pelo poder e me entristeço, porque sei que quando elas alcançarem o objetivo perceberão que “aquilo” não traz a felicidade esperada. Mais uma vez a recorrente decepção, a “personagem” principal da vida.
Quero chegar à velhice com um conhecimento enorme sobre a vida, sobre mim mesmo e, especialmente, sobre as pessoas em geral. Por mais que esse pensamento vá totalmente contra a profissão que quero seguir, eu realmente acho que um ser humano pode, sim, ser extremamente feliz sem saber o nome do presidente do seu país e sem saber escrever nem ler. O importante para a verdadeira satisfação é saber “escutar“ o próprio coração e conseguir manter uma relação sadia com as pessoas a sua volta, ouvindo-as e prestando atenção nas suas opiniões e anseios.
Teorias políticas, debates esportivos, programas de entretenimento e filmes que não fazem pensar tiram o foco daquilo que deveria ser a obsessão do ser humano; seu próprio eu, suas emoções e suas angústias. Uma conversa olho no olho com um amigo de infância vale mais que mil “conversas” através do facebook.
Por que eu vou para casa? Por que eu trabalho? Por que eu compro CDs e DVDs? Por que eu bebo aos finais de semana? Por que eu vou ao Laika ou ao Beco? Por que eu gosto de futebol? Por que eu escuto The Doors, Beatles e Raul Seixas há tanto tempo e nunca enjoo? Pergunto-me sobre mim mesmo o tempo todo.
Por que eu dizia que odiava samba e agora estou exageradamente fã do Jorge Ben? “Balança, Pema. Balança sem parar. Arrasta as sandálias. Arrasta até gastar”. Que ligação essa frase tem comigo? Nunca sambei, nunca arrastei as sandálias. Aliás, nunca cheguei sequer a usá-las. Será um desejo oprimido, de morar no Rio de Janeiro e ir para a Lapa sambar em vez de sair para escutar The Stooges, AC/DC e Sex Pistols no Laika?
Por que eu gosto tanto da França? A seleção da Copa do Mundo de 1998 era simpática, mas esse não é um bom motivo, uma vez que futebol é um simples entretenimento na minha vida e definitivamente não influencia na minha personalidade. Ainda não concluí, mas acredito que seja pelo meu fascínio pela revolução francesa, por todo o histórico de greves dos trabalhadores do país, do Maio de 68 e, finalmente, pela França ter sido berço do movimento cinematográfico que mais me encanta; a Nouvelle Vague.
O cinema, sim, altera de forma arrebatadora minha mente. A vontade que tinham os realizadores Jean-Luc Godard e François Truffaut, os mentores da Nouvelle Vague, de fazer um cinema diferente de Hollywood, com trilha sonora menos dramática e mais provocativa, com atrizes nem sempre arrumadas e heróis um tanto quanto confusos, não com a personalidade previsível no padrão norteamericano pós-guerra. Era a França demonstrando ser um país com personalidade. Após ser devastada pelos nazistas, tentava fugir das determinações do único verdadeiro vencedor da Segunda Guerra.
Por que me mudei de Cachoeira do Sul, se sou tão apegado aos meus pais? Talvez seja para me sentir, de forma mais intensa, fazendo “parte da história do mundo”, uma vez que ocorreram mais fatos importantes para a humanidade em Porto Alegre do que na minha querida cidade natal. A tentativa de tentar entender o porquê de todas as minhas paixões e preferências é uma das formas menos falíveis de atingir meu tão sonhado auto-conhecimento. Esse sonho faz parte do projeto de vida de um cara extraordinariamente sensível, que prefere sentir a pensar.
Meu coração está dizendo que Taj Mahal é a trilha perfeita para ler ou escrever esse texto. O novo desafio é compreender por que. É exatamente dessa forma que eu vivo. Estou sempre atento aos meus sentimentos e depois tento entendê-los.

Dêde Dederedê.
Dêde Dederedê.
Dêde Dederedê.
Dêde Dederedê.
Taj Mahal...

Dêde Dederedê.
Dêde Dederedê.
Dêde Dederedê.
Dêde Dederedê.
               Taj Mahal...