sábado, 27 de fevereiro de 2016

O Regresso

A fotografia totalmente natural (não há iluminação artificial) e os desafios que Iñarritu impõe a si mesmo na direção, mostrando ser, de fato, um dos maiores artistas do cinema contemporâneo, são, ao lado de DiCaprio, os méritos do filme, que é longo, mas não cansa em nenhum momento, pois a cada plano, a cada cena, somos apresentados a uma nova dificuldade pela qual Hugh Glass (DiCaprio) passará. Talvez seja a única obra deste Oscar que realmente deixará um legado para o cinema, assim como Birdman no ano passado.O problema é que falta uma história mais criativa, menos óbvia.
O diretor expõe as questões dos índios, mas jamais aprofunda de forma que possamos considerar que o filme seja sobre isso. Se essa era a intenção, Iñarritu falhou. Mas não parece que seja, dada a preferência que a câmera dá para DiCaprio, quase sempre filmando os outros personagens em segundo plano. Observe que, quando o protagonista não está em cena, a câmera não faz diferenciação entre homens brancos e índios. O filme é, portanto, sobre a luta de Glass por sobrevivência e por vingança.

Tom Hardy consegue transmitir o mau caratismo do personagem através de gestos e expressões (sempre muito bem focadas pelo diretor), sendo um verdadeiro vilão, não exatamente por ser uma pessoa ruim (acertadamente, o filme não faz juízo de valor), mas simplesmente por ser o inimigo do protagonista. É um filme ousado, que deixa o espectador curioso sobre qual será o próximo projeto de Iñarritu, mas certamente falta umas história mais robusta para ser considerado o filme do ano.



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